Dó-Ré-Mi-Fá. O viajante ensinou-lhe algumas posições no violão. Desses acordes simples, João Batista ganha inspiração para fazer arranjos mais complexos que dão a harmonia de suas próprias composições. Ele mora na pequena cidade de Angico, uma comunidade na beira do São Francisco. João mantém quase sempre a cabeça baixa e custa a olhar as pessoas nos olhos. Calejado nem tanto pela pesca ou labuta nas ilhas na beira do Velho Chico, mas sim pelo não reconhecimento e pela falta de oportunidade em mostrar a sua arte. Num lugar onde a seca de cultura e possibilidades parece superar a seca do rio, João com seu olhar cabisbaixo acaba perdendo um pouco da esperança.
Durante a pré-produção em Angico, insisti em filmar João Batista. Eu já havia escutado suas músicas na passagem do projeto Cinema no rio no ano anterior e acreditava que ele deveria fazer parte do filme da cidade. "Foi ela que me descobriu", disse João Batista se referindo ao fato de eu ter levado Inácio para filmá-lo. Confesso ter ficado constrangida com essa frase e principalmente por saber das expectativas que uma câmera pode criar nas pessoas.
Logo depois aparece uma criança de olhar gracioso e com uma esperteza muito além de sua idade. É a filha mais nova de João Batista. Imediatamente ela se senta ao lado do pai e começa a cantar a música que ele ensinou. João pede desculpas por não ter ensaiado antes da filmagem. O pai corrige a filha que trocou algumas palavras da letra da musica de João. "Quem sabe ela não tem a oportunidade que eu não tive", disse.
Pâmila, seus textos estão lindos! Muito sucesso, querida!
ResponderExcluirTatá Ahouagi
Cada pessoa, um mundo, uma história pelas margens do São Francisco... ótimo isso!
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